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"Esse é o problema, um símbolo sexual torna-se uma coisa. Eu odeio ser tratada como uma coisa. Mas se eu vou ser o símbolo de algo, eu prefiro ser do sexo do que de algumas outras coisas que eles nos usam como símbolo." - Marilyn Monroe, 1962.
Quando Norma Jeane Mortenson, mais conhecida pela alcunha de Marilyn Monroe, morreu em Agosto de 1962, além de fãs inconsoláveis, escândalos sexuais envolvendo o presidente dos Estados Unidos e teorias da conspiração sobre a causa da sua morte (quem tem certeza de que ela foi assassinada dá um high five aqui), ela também deixou uma biblioteca com mais de 400 livros num dos cômodos da sua mansão. Esse último legado surpreendeu todo o mundo quando foi divulgado pela imprensa - uma mulher?? bonita??? ela lia??? e provavelmente leu mais que eu??? QUÊ?.
A razão da surpresa geral com a revelação de que Marilyn Monroe poderia, de fato, ser uma intelectual, vem da sua filmografia e da persona cuidadosamente fabricada por Hollywood para a atriz (e inicialmente, aprovada por ela mesma), criada a fim de atrair a audiência masculina para o cinema. A "personagem" Monroe centrou-se em seu cabelo loiro e nos estereótipos associados a ele, muito fortes na época, especialmente a estupidez, ingenuidade, disponibilidade sexual e artificialidade. Ela costumava usar uma voz ofegante e infantil em seus filmes, e em entrevistas dava a impressão de que tudo o que ela dizia era "totalmente inocente e não premeditado".
Marilyn, contudo, não foi a única vítima da ideia criada pela sociedade de que uma mulher bonita e voluptuosa não poderia também ser abençoada com inteligência. Especialmente em Hollywood, o esteriótipo da "loira burra" bonita, ingênua e sexualmente liberal é um espectro que ainda assombra os roteiros de filmes. A perpetuação da ideia de beleza é mais atraente numa mulher do que inteligência tem efeitos na vida real. Mulheres frequentemente são aconselhadas a se fingirem de burras para seus namorados ou prospectos amorosos - de fato, essa noção de que homens se interessam apenas por mulheres menos inteligentes que eles afeta até o desenvolvimento escolar de crianças e adolescentes; uma pesquisa conduzida em Portugal em 2014 mostrou que meninas de 14 anos ou menos frequentemente fingem ser "burras" para não intimidar os garotos em que estão interessadas¹.
Até hoje, grande parte dos filmes, principalmente os blockbusters, ainda são filmados sobre a perspectiva masculina, o chamado male gaze - que consiste do ponto de vista masculino nas artes visuais, quando a câmera coloca o público na perspectiva de um homem heterossexual, demorando-se sobre as curvas do corpo de uma mulher, por exemplo. A mulher é exibida geralmente como um objeto erótico tanto para os personagens no filme quanto para o espectador o assistindo. O homem emerge como o poder dominante dentro da fantasia criada do filme e a mulher é passiva ao olhar ativo do homem. A persona de Marilyn Monroe foi criada principalmente para esse olhar masculino, e nos seus filmes ela normalmente interpretava "a garota", que é definida apenas por seu gênero. Seus papéis eram quase sempre dançarinas, secretárias, ou modelos, ocupações onde "a mulher está em exibição, lá para o prazer dos homens"², e essa repetição de papéis dificultou que ela fosse considerada uma atriz séria ao longo de sua carreira.
A incredulidade da mundo com o fato de que Marilyn, por trás de suas curvas e cabelos platinados, pudesse ser um ser humano pensante e sensível o suficiente para amar e colecionar literatura, mostra como o papel de mulher bonita e sem conteúdo, o esteriótipo da loira burra, a perseguiu até o fim da vida. Se os homens preferem as loiras - como no filme estrelado por Monroe em 1953, Hollywood, independentemente da cor de cabelo, nos prefere burras.
Obs: Pra quem se interessou, aqui estão os 430 livros que a Marilyn possuía em sua biblioteca (os títulos estão em inglês).
Referências:
1.Girls feel they must 'play dumb' to please boys, study shows
2.Página Marilyn Monroe na Wikipedia.
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To the person in the bell jar, blank and stopped as a dead baby, the world itself is a bad dream.
sábado, 10 de dezembro de 2016
A biblioteca de Marilyn Monroe e a sexualização do esteriótipo da "loira burra".
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O teu olhar (ainda) é mar
ResponderExcluirdesconhecido para os meus olhos,
mas eu desejo mergulhá-lo e
conhecer a sua história, os seus planos e os seus medos. Haiai, Iza, como eu gostaria que você se "achegasse" mais. Pelo que já percebi, você é fiel ao mundo dos livros, assim como eu, então, diga-me o que você acha do início de A Hora da Estrela? "Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. [...] Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar." Você é uma garota incrível, eu lhe admiro imensuravelmente. Pelo amor do amor, deixa que seu coração seja preenchido tmb por uma história e que sua alma encante-se por outra.
Att, crush! ❤
Hahaha, desculpa a demora, tô bem louca na faculdade e nem tava lembrando do blog </3
ExcluirMas li a hora da estrela sim, tinha uns 14 anos e gostei bastante, mas confesso que lembro pouca coisa (mas podemos remediar isso, tenho o livro é tá na minha lista de releituras)
Beijo e obrigada pelas palavras.
Então, me ajude a segurar essa barra que é gostar de você! ❤ Aiaiai
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